quarta-feira, 20 de maio de 2009


Engraçado como em certas subculturas jornalística há uma mistura de papéis que contraria o próprio papel do Jornalista. Para compreender esse fenômeno não é difícil, um bom exemplo é ligar a TV na hora do almoço e prestar bem atenção em certos programas locais voltados para área policial. Neles podemos encontrar uma mistura de comunicador com ditador.
Antes de fazer uma crítica- espero que construtiva - queria deixar claro que há grandes profissionais trabalhando na área, pessoas que possuem experiência, faro e simpatia. Sou capaz de dizer que adoro um deles inclusive me divirto muito assistindo seu programa, porém o classifico no gênero da comédia e não como uma prestação de serviço a sociedade.
Sei muito bem que notícia é mercadoria e como tal precisa ser vendida, quanto mais audiência mais cifrões. Daí é que surge esse sensacionalismo que apesar dos seus defeitos sempre fez parte da história do jornalismo e nunca ficará de lado, porém, diante do fato o que mais me preocupa nesse gênero espetacular são as opiniões, os julgamentos precipitados e a falta de apuração de quem se aproveita do poder do microfone para estimular a violência de uma maneira tão banal que qualquer criança que veja esse apelo (levando em consideração que os programas nesse horário são permitidos para todas as faixas etárias) acaba achando normal matar aquele coleguinha que roubou seu lanche.
O apelo à violência fica claro nesses programas. Pessoas são julgadas sem nenhuma chance de defesa diante das câmeras sensacionalistas. Quantos casos eu já vi de erro na imprensa, quantas pessoas não tiveram suas imagens manchadas. Aproveitando as palavras do professor Felipe Pena, acredito que
“no jornalismo não há fibrose. O tecido atingido pela calúnia não se regenera. As feridas abertas pela difamação não cicatrizam”
Respeito muito a liberdade de expressão, sem ela não haveria jornalismo, porém estimo que haja respeito com as pessoas independente de qualquer coisa. Sei que não é fácil lidar com jornalismo policial, sei que é difícil nos calar diante de tanta violência, porém o verdadeiro Jornalismo deve ser feito para socializar as informações de maneira em que contribua para uma formação crítica e até mesmo para indignar a sociedade, porém não devemos passar por cima das leis para fazer isso.

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